sábado, 8 de dezembro de 2012

sábado, 28 de julho de 2012

A filosofia está bem viva

A filosofia está bem viva
by O. Braga 


1. Kant tinha uma extraordinária visão da investigação científica, e portanto da ciência, mediante o conceito de Intenção da Natureza. Kant insistiu [“Crítica do Juízo”, 1790] que embora não pudéssemos provar que a natureza esteja intencionalmente organizada, devemos sistematizar o nosso conhecimento empírico vendo a natureza como se fosse organizada. Isto significa a ideia de uma ordem pré-estabelecida; e a sistematização do nosso conhecimento é apenas possível se agirmos com base no pressuposto de que uma “compreensão”, ou uma “inteligência”, para além da nossa, nos forneceu leis empíricas organizadas de modo a que nos seja possível uma experiência unificada.


O Princípio da Intenção da Natureza — ou Princípio da Intencionalidade — diz-nos que se queremos construir uma subordinação sistemática das leis empíricas, devemos agir de acordo com a crença de que tal pretensão é possível.


2. Muita da ciência contemporânea, e sobretudo as ciências biológicas, afastaram-se radicalmente do Princípio da Intencionalidade que, mesmo durante o século XIX e a primeira parte do século XX, esteve fortemente presente na ciência e na investigação científica e apesar do Positivismo: uma coisa era o método científico; e outra coisa era o cientista comum e a sua mundividência. A partir do século XX, primeiro com o Círculo de Viena e depois com o neodarwinismo, essa ligação tradicional e inconsciente da comunidade científica, em geral, com o Princípio kantiano da Intencionalidade da Natureza, foi quebrado.


3. O “divórcio” da ciência com o Princípio da Intencionalidade de Kant significou também a quebra das relações — sempre precárias — entre a ciência e a filosofia. O Positivismo encarado não só como método, mas também como a mundividência do cientista, decretou a morte da filosofia. Este problema subsiste até hoje. A única “filosofia” aceite pela ciência parece ser aquela que corrobora uma certa visão exclusivamente naturalista coeva que evoluiu do Positivismo. Desde logo, uma filosofia sem espírito crítico não é filosofia; e depois, uma filosofia acrítica em relação à ciência pode ser mesmo prejudicial a esta última.


4. No dia em que o trabalho científico tiver perdido totalmente o contacto com as suas raízes especulativas e filosóficas, ficará completamente esgotado e cortado da tradição que o levou ao seu nível contemporâneo. E este risco existe. O pensamento técnico/tecnicista invade o pensamento científico, e isso pode ser o fim do espírito científico.


5. A ciência não vai nunca até ao fim das questões que levanta, e levar as questões até ao fim é o papel da filosofia. O campo da ciência já não é autónomo. Hoje, a fecundidade intelectual e o pensamento vivo consistem no diálogo entre a ciência e a filosofia [propriamente dita].


O. Braga | Sexta-feira, 27 Julho 2012 at 11:55 pm | Tags: Immanuel Kant, Kant | Categorias: Ciência, filosofia, Ut Edita | URL: http://wp.me/p2jQx-cyS


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quarta-feira, 4 de abril de 2012

A contradição do imperativo categórico de Kant


A contradição do imperativo categórico de Kant
by O. Braga 

O imperativo categórico pode ser explicado, grosso modo, da seguinte forma: segundo Kant, não é permitido mentir, por exemplo, porque a mentira considerada como uma lei geral — “todos podem mentir” — significaria o fim de qualquer comunicação humana [de facto, é isto que está acontecer com os me®dia e com a política actuais: assistimos hoje ao advento do fim da comunicação humana].

Se o meu comportamento se orientasse por uma norma que me permitisse mentir sempre que quisesse, então todos os outros seres humanos teriam o mesmo direito de o fazer. No entanto, se todos podem mentir, não se acredita em ninguém e nenhum mentiroso alcança o seu objectivo.

Até aqui, Kant está correcto. Aplicada a todos os seres humanos de uma forma consequente, a máxima da mentira permitida, anula-se a si própria.

Porém, eu não sou, de modo algum, inconsequente se prefiro que os outros sigam as regras que eu próprio não gostaria de seguir. Se minto sempre que me apetece, mas desejo que todos os outros digam sempre a verdade, na minha qualidade de grande oportunista, sou, em certa medida, perfeitamente consequente com a aplicação do imperativo categórico de Kant.

O. Braga | Quinta-feira, 29 Março 2012 at 7:22 pm | Tags: Immanuel Kant, Kant | Categorias: ética | URL: http://wp.me/p2jQx-aRR

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